# 2016 ). Segundo a Organização Mundial de Saúde, há mais recém-nascidos acometidos por sífilis congênita do que por qualquer outra infecção neonatal, incluindo a infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (WHO, 2008;WHO, 2016). A sífilis gestacional é definida como a infecção por Treponema pallidum em mulheres grávidas (BRASIL, 2019;OMS, 2008). A doença em gestantes é semelhante à sífilis adquirida na população geral em relação ao modo de transmissão, quadro clínico, diagnóstico e tratamento (BRASIL, 2019). A sífilis congênita é uma doença grave causada pela disseminação hematogênica da bactéria Treponema pallidum da gestante para o seu feto, por via transplacentária ou intraparto (BRASIL, 2019; MAGALHÃES et al., 2011; SES-SP, 2016). A transmissão pelo aleitamento materno é possível somente se houver lesão mamária por sífilis (SES-SP, 2016). A transmissão pode ocorrer em qualquer período da gestação e em qualquer estágio da doença materna (BRASIL, 2019; SES-SP, 2016). As fases mais infectantes são a primária e secundária, com risco de transmissão vertical de 70-100%, essa taxa é de 30% nas fases tardias da infecção materna (BRASIL, 2020a). Com o tratamento adequado, esse risco de transmissão vertical de 70-100% cai para 1-2% (BRASIL, 2020a; SES-SP, 2016). Dessa forma, ao contrário de muitas infecções neonatais, a sífilis congênita pode ser realmente evitada com o diagnóstico e tratamento adequado de mulheres grávidas infectadas e seus parceiros sexuais (OMS, 2008). Embora tenha agente etiológico conhecido, modo de transmissão estabelecido e tratamento fácil, barato e eficaz, a sífilis gestacional e congênita são graves problemas de saúde pública, sendo responsáveis por altos índices de morbimortalidade fetal e neonatal no Brasil e no mundo (BRASIL, 2020a). O número de casos de sífilis gestacional no mundo em 2016 era de, aproximadamente, 988.000 casos (taxa de detecção: 473/100.000 nascidos vivos) (KORENROMP et al., 2019) Diante do impacto dessa problemática na saúde pública, é essencial realizar uma pesquisa abrangente sobre a epidemiologia da sífilis gestacional e congênita, no sentido de ampliar a informação da comunidade científica, profissionais de saúde atuantes e da população. Além de obter um banco de dados consistentes que permita a adoção de ações de prevenção e controle. # Material e Métodos Trata-se de um estudo ecológico, retrospectivo, de caráter analítico-descritivo. O trabalho apresenta como área de estudo a Região Xingu, especificamente a Área de Influência Direta da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. A Região Xingu é dividida em Áreas de Influência Direta e Indireta, indicadas pelo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da UHE de Belo Monte, realizado pela empresa Eletrobrás. A Área de Influência Direta (AID) é definida como a que pode sofrer com as interferências diretas da usina hidrelétrica, sendo composta pela área ocupada pela obra e pelo reservatório, bem como pela área em volta dessas localidades (ELETROBRÁS, 2009) No que se refere aos dados de sífilis gestacional, foi calculado o número total de casos notificados no período analisado, e a taxa de incidência para cada ano e para cada município. A taxa de incidência foi calculada dividindo o número total de casos novos de sífilis gestacional em cada ano e para cada município pelo número de nascidos vivos no mesmo local e período, e multiplicado por 1000. O número de nascidos vivos foi obtido no Sistema de Informações sobre nascidos vivos (SINASC). As variáveis sociodemográficas avaliadas foram: munícipio de residência, faixa etária, etnia, escolaridade e zona de moradia. Foram avaliadas também a seguintes características clínicas: trimestre de gestação, classificação clínica da sífilis, VDRL e FTA-Abs no pré-natal, esquema de tratamento da gestante e tratamento concomitante do parceiro. Com relação a sífilis congênita, foi calculado o número total de casos notificados no período analisado, e a taxa de incidência para cada ano e para cada município. A taxa de incidência foi calculada dividindo o número total de casos novos de sífilis congênita em cada ano e para cada município pelo número de nascidos vivos no mesmo local e período, e multiplicado por 1000. Foram avaliados também os antecedentes clínico-epidemiológicos das mães cujos recémnascidos foram diagnosticados com sífilis congênita: realização do pré-natal, faixa etária, etnia, escolaridade, momento do diagnóstico, esquema de Para todas as análises estatísticas realizadas foi considerado como indicativo de diferença estatística significante um valor de p ? 0,05. # III. # Resultados Foram notificados 294 casos de sífilis congênita no período de 2007 a 2019 na Área de Influência Direta da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Dessa maneira, a taxa de transmissão vertical de sífilis na Região Xingu é de 46,88%. Analisando a amostra, nota-se que houve um aumento do número de casos de 2009 até 2011. Entre os anos 2011 e 2016 houve variação da taxa de incidência, e a partir de 2016 houve novamente um aumento substancial do número de casos da doença. O gráfico 1 mostra a distribuição de casos de sífilis congênita para cada ano e para cada município. # Fonte: Elaborado pelo autor (2021) Gráfico 1: Taxa de Incidência de Congênita na Área de Influência Direta da UHE de Belo Monte de 2007 a 2019 O teste do Risco Relativo demonstrou que houve aumento relativo do risco de 186% de sífilis congênita na Região Xingu quando comparado o período antes e durante a construção da UHE de Belo monte (RR: 2,86, p: 0,01), e esse aumento relativo do risco foi de 314% quando comparado o período anterior com o período posterior a construção do empreendimento (RR: 4,14, p: 0,0002). Em relação a análise comparativa da taxa de incidência de sífilis congênita na Região Xingu com a taxa de incidência nacional e estadual, constatou-se, por meio do Teste G de Aderência, que não houve diferença estatística significativa com o Brasil (Teste G de Aderência: 19,43, com p < 0,078). Já em comparação com o estado do Pará, houve diferença estatística significativa (Teste G de Aderência: 52,84, com p < 0,0001). O gráfico 2 demonstra as taxas de incidência de sífilis congênita do Brasil, do estado do Pará e da Região Xingu. Quanto ao perfil clínico-epidemiológico das gestantes com sífilis cujos filhos foram diagnosticados com sífilis congênita, as gestantes mais acometidas estavam na faixa etária de 16-20 anos (37,41%), eram pardas (91,49%) e possuíam ensino fundamental incompleto (37,41%). Quanto ao nível de escolaridade, é importante pontuar que 18,36% das fichas de notificação apresentaram esse dado como ignorado. A tabela 1 apresenta dados clínico-epidemiológicos das mães de recém-nascidos com sífilis congênita na Área de Influência Direta da UHE de Belo Monte. A maioria das mães dos recém-nascidos diagnosticados com sífilis congênita receberam tratamento inadequado (61,90%). Em relação ao tratamento da sífilis pelo parceiro da gestante, notou-se que 61,90% dos parceiros sexuais das gestantes não foram tratados concomitantemente. # IV. # Discussão Foram diagnosticados e notificados 294 casos de sífilis congênita nos municípios da Área de Influência Direta da Usina Hidrelétrica de Belo monte entre 2007 e 2019. O teste do Risco Relativo demonstrou que houve aumento relativo do risco de desenvolver sífilis congênita na Região Xingu de 314% quando comparado o período anterior com o período posterior a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (RR: 4,14, p: 0,0002). Resultado semelhante foi observado em um trabalho realizado no município sede da implantação da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó, que demonstrou aumento de 389,6% no número de casos de infecções sexualmente transmissíveis, entre elas, a sífilis congênita, no período antes e após a construção do empreendimento (BEZ et al., 2019). Essa correlação indica uma ligação entre esses grandes projetos de infraestrutura e o aumento de agravos a saúde da população. Todavia, comparações com outras cidades e ou regiões com populações semelhantes na formação e composição podem trazer novas revelações sobre esse processo. Com relação ao perfil sociodemográfico das gestantes infectadas cujos filhos foram acometidos por sífilis congênita, a maioria estava na faixa etária de 16-20 anos (37,41%), eram pardas (91,49%) e possuíam ensino fundamental incompleto (37,41%). Quanto ao nível de escolaridade, é importante pontuar que 18 A sífilis congênita ocorre em 70% a 100% das gestantes não tratadas, ou tratadas inadequadamente, em comparação com apenas 1% a 2% das mulheres adequadamente tratadas (BRASIL, 2020a). Estima-se que, na ausência de tratamento eficaz, 11% das gestações resultarão em morte fetal e 13% em partos prematuros ou baixo peso ao nascer, portanto, a sífilis congênita é uma patologia grave, mas que pode ser evitada por meio do diagnóstico precoce e tratamento adequado das gestantes com sífilis e seus parceiros sexuais (BRASIL, 2020a; OMS, 2008; WHO, 2016). Diante dessa perspectiva, é fundamental melhorar a qualidade da assistência pré-natal ofertada na Região Xingu para reduzir a transmissão vertical da doença. V. # Conclusão ![tratamento, adequação do tratamento e tratamento concomitante do parceiro. Para a descrição do perfil epidemiológico, foram realizadas análises estatísticas descritivas. O programa utilizado para a organização dos dados em tabelas e gráficos foi o software Microsoft Office Excel versão 2010. O programa estatístico utilizado para a realização das análises foi o BioEstat 5.2. Os testes de hipótese Qui-quadrado de Pearson e Teste G de Aderência foram utilizados para verificar associação estatística entre as variáveis. O teste de Risco Relativo foi utilizado para verificar se houve aumento relativo do risco de desenvolver sífilis gestacional e sífilis congênita no período antes, durante e após a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Para essa análise, foram considerados os anos de 2007 a 2010 como período anterior a construção, o período de 2011 a 2014 como período durante a construção, e os anos de 2015 a 2018 como período posterior. O ano de 2019 foi desconsiderado para essa análise estatísticas para que todas as fases possuíssem 4 anos. Para cada período, utilizou-se como eventos a soma da taxa de incidência Os dados foram obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) da Região Xingu, coletados na Secretária de Estado de Saúde Pública do Pará (SESPA). O SINAN contém informações provenientes das fichas de notificação de e de sífilis congênita, que estão em anexo A. Year 2023 Journ alsdos 4 anos considerados, e como tamanho da amostra, foi considerado o número de 1000 nascidos vivos.](image-2.png "") ![Elaborado pelo autor (2021) Gráfico 2: Comparação das taxas de Incidência de Sífilis Congênita de 2007 a 2019](image-3.png "Fonte:") ![](image-4.png "") aumentarem o risco de disseminação de doençasinfecciosas, dos migrantes às comunidades receptorese vice-versa (DIAS e GONÇALVEZ, 2007; WILSON,1995). Diante dessa perspectiva, o aumento no númerode casos de sífilis gestacional e congênita na RegiãoXingu pode estar associado ao intenso fluxo migratóriopara a região em virtude do empreendimento(SILVEIRA, 2016).A construção de uma barragem hidrelétrica éNa Região Norte, em 2019, o número total deum grande projeto de desenvolvimento, que afeta ascasos notificados de sífilis gestacional foi de 6.026 (taxatrajetórias de uma região, em curto e longo prazode detecção: 18,9/1000 nascidos vivos), valor que(GRISOTTI, 2016; MORAN, 2016).representa 9,9% do total de casos do Brasil, (BRASIL,De modo geral, as localidades onde se2020b). No mesmo ano, notificaram 2.219 casos deinstalam grandes hidrelétricas sofrem profundassífilis congênita, (taxa de incidência: 7,0/1.000 nascidostransformaçõesambientais,demográficasevivos), e a taxa de mortalidade foi de 5,6/1000 nascidossocioeconômicas (GRISOTTI, 2016; MORAN, 2016). Novivos (BRASIL, 2020b).entanto, há poucos estudos em relação aos impactos àNo Pará, 2.218 casos de sífilis gestacionalsaúde decorrentes desse processo (GRISOTTI, 2016).foram registrados em 2019 (taxa de detecção:Assim, mudanças como o aumento de doenças como a15,6/1000 nascidos vivos). No mesmo período, houvesífilis gestacional e sífilis congênita são negligenciadas944 casos de sífilis congênita (taxa de incidência:devido à escassez de pesquisas que avaliem6,7/1.000 nascidos vivos), resultando em uma taxa deamplamente essas alterações (GRISOTTI, 2016).mortalidade de 4,9/1000 nascidos vivos (BRASIL,2020b).Nesse contexto, a sífilis gestacional e congênitasão agravos que apresentaram crescimento expressivoa partir do ano de 2009 na Região do Xingu (SILVEIRA,2016). Artigos estabeleceram uma relação decausalidade entre essa alteração na epidemiologia e aconstrução da Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Montenos municípios da Área de Influência Direta da usina deBelo Monte, especialmente no município de Altamira(GRISOTTI, 2016; SILVEIRA, 2016).O município de Altamira é a sede administrativada Região Xingu, e centro de referência ematendimentos de saúde para os nove municípios daRegião. Em Altamira, no ano de 2020, o número total decasos de sífilis gestacional foi de 50 casos (taxa dedetecção: 21,3/1000 nascidos vivos). Nesse mesmoano, foram notificados 32 casos de sífilis congênita(taxa de incidência: 13,6/ 1000 nascidos vivos (BRASIL,2021).A UHE Belo Monte, construída na bacia do RioXingu, é a terceira maior hidrelétrica do mundo e amaior usina hidrelétrica inteiramente brasileira(OLIVEIRA, 2013; SILVEIRA, 2016). O projeto dahidrelétrica surgiu na década de 1970, durante o regimemilitar, porém a sua construção se iniciou efetivamenteapenas em 2011 (OLIVEIRA, 2013; SILVEIRA, 2016).Dessa maneira, atraídos pela possibilidade de empregoe aquisição de renda, houve um rápido e intensodeslocamento de contingente humano para região,acarretandoinúmerastransformaçõessocioeconômicas, demográficas e epidemiológicas(SILVEIRA, 2016).Osprocessosmigratóriosapresentamimportantes desafios para a saúde pública por Volume XXIII Issue II Version ID D D D )(Research? Determinar o número de casos de sífilis congênita na Área de Influência Direta da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no período de 2007 a 2019.Medical? Determinar o perfil clínico-epidemiológico das gestantes cujos filhos foram diagnosticados com sífilis congênita na Área de Influência Direta da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no período de 2007 a 2019. ? Analisar o acompanhamento pré-natal das gestantes com sífilis gestacional na Área deGlobal Journal ofInfluência Direta da Usina Hidrelétrica de BeloMonte no período de 2007 a 2019.? Analisar o tratamento materno adequado e otratamento concomitante do parceiro das gestantes com sífilis gestacional na Área de Influência Direta da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no período de 2007 a 2019. E © 2023 Global Journ als II. A Área de Influência Indireta (AII) é definidacomo área mais distante, que pode sofrer modificaçõesindiretasocasionadaspeloempreendimento(ELETROBRÁS, 2009). É composta por outros 5municípios: Placas, Uruará, Medicilândia, Pacajá ePorto de Moz (ELETROBRÁS, 2009; SILVEIRA, 2016).A população da pesquisa compreende todosos casos notificados de sífilis congênita nos municípiosque compõe a Área de Influência Direta da UsinaHidrelétrica de Belo Monte no período de 2007 a 2019.De acordo com o exigido pelas diretrizes enormas regulamentadoras de pesquisa envolvendoseres humanos, previstos na Resolução número 466 de2012, o projeto de pesquisa foi submetido à aprovaçãopelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Instituto deCiências da Saúde da Universidade Federal do Pará nodia 21/01/2021. O projeto foi aprovado pelo CEP, comparecer de número: 42343121.9.0000.0018.Não houve a necessidade da utilização doTermo de Consentimento Livre e Esclarecido, pois aolongo da pesquisa, a identidade dos indivíduos foimantida em sigilo.Os pesquisadores envolvidos no projetoassinaram o Termo de Confidencialidade e Sigilo,seguindo assim, os princípios estabelecidos pelaResolução n° 466 do Conselho Nacional de Saúde. 1Durante o pré-natal151 (51,36%)No momento do parto29 (9,86%)Após o parto104 (35,37%)Ignorado10 (3,40%)Esquema de tratamento da gestanteAdequado61 (20,74%)Inadequado182 (61,90%)Não realizado42 (14,28%)Ignorado9 (3,06%)Parceiro tratado concomitantementeSim92 (31,29%)Não182 (61,90%)Ignorado20 (6,80%)Fonte: Elaborado pelo autor (2021)Em relação à assistência pré-natal, observa-seque 89,11% das gestantes realizaram o pré-natal.Quanto ao momento de diagnóstico da sífilis materna,51,36% dos casos foram diagnosticados durante oacompanhamento pré-natal, 9,86% dos casos foramdescobertos no momento do parto, e 35,37% após oparto.Dados Clínico-epidemiológicos da mãeNúmeros absolutos (%)Faixa etária? 1521 (6,86%)16-20110 (37,41%)21-2574 (24,18%)26-3050 (17%)31-3523 (7,82%)> 3516 (5,44%)EtniaBranca14 (4,76%)Preta4 (1,36%)Amarela1 (0,34%)Parda269 (91,49%)Indígena2 (0,68%)Ignorado4 (1,36%)EscolaridadeAnalfabeto3 (1,02%)Ensino fundamental incompleto110 (37,41%)Ensino fundamental completo25 (8,50%)Ensino médio incompleto55 (18,70%)Ensino médio completo40 (13,60%)Ensino superior7 (2,38%)Ignorado54 (18,36%)Mãe realizou o pré-natalSim262 (89,11%)Não27 (9,18%)Ignorado5 (1,70%) Diagnóstico de Sífilis Materna o estudo demonstrou que 9,86% dos casos foramdescobertos no momento do parto, e 35,37% após oparto. O diagnóstico tardio da doença na gestantereduz o tempo hábil para a conclusão do tratamento e,portanto, aumenta o risco de transmissão vertical(SOUZA et al., 2018).A maioria das mães dos recém-nascidosdiagnosticados com sífilis congênita receberamtratamento inadequado (61,90%). O tratamento éconsiderado inadequado quando se utiliza outra drogaque não seja a penicilina ou se utiliza penicilina emdose inadequada para o estágio da doença, quando éYear 2023realizado com menos de 30 dias antes do parto, quando não há a avaliação sobre o risco de reinfecção, o que inclui o não tratamento do parceiro, e quando não se observa a queda dos títulos de VDRL após otratamento (BRASIL, 2019). Outros estudos tambémVolume XXIII Issue II Version Ievidenciaram essa alta taxa de tratamento inadequado de sífilis gestacional nos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Tocantins, São Paulo e Paraná (ALCÂNTARA et al., 2017; HOLANDA et al., 2011; MASCHIO-LIMA et al., 2019; SILVA et al., 2020). Outro dado preocupante encontrado na pesquisa foi que 61,90% dos parceiros sexuais das gestantes não realizaram o tratamento. Outros estudos realizados no Brasil também apresentaram alto percentual de parceiros não tratados (ALCÂNTARA et al., 2017; CAVALCANTE et al. 2017; HOLANDA et al., 2011; MASCHIO-LIMA et al., 2019; SILVA et al., 2020; SOUZA et al., 2018). A terapia do parceiro éEsses dados chamam atenção para o maior risco de mulheres jovens (menores de 20 anos) e com baixa escolaridade estão expostas a ISTs. O estudo demonstrou que 89,11% das mulheres que tiveram seus recém-nascidos diagnosticados com sífilis congênita receberam assistência pré-natal. Resultados semelhantes foram encontrados em outros estudos realizados em diferentes regiões do Brasil (CAVALCANTE et al., 2017; MASCHIO-LIMA et al., 2019; SILVA et al., 2020). Diante disso, questiona-se a qualidade das consultas de pré-D D D D ) E ( Global Journal of Medical Researchimprescindível para o sucesso do tratamento da gestante com sífilis, pois a ausência do tratamento concomitante do parceiro representa um risco de reinfecção para parturiente e, consequentemente aumenta o risco de transmissão vertical (BRASIL, 2019).natal ofertadas, já que essas mulheres tiveram acesso ao serviço de saúde em algum momento da gravidez e mesmo assim ocorreu transmissão vertical, onde o manejo adequado deveria reduzir o risco de sífilis congênita para 2%. Segundo um estudo do IBGE em parceria com o Ministério da Saúde e a Fundação Instituto Oswaldo Cruz realizado com mulheres de todo o território nacional, cerca de 97,4% das mulheres do Brasil tem esse estudo revelou a baixa qualidade da assistência prestada no Norte do país, que apresentou menor taxa de início precoce do pré-natal, menor número de consultas e menor proporção de realização de exames complementares preconizados durante a gestação (NUNES et al., 2017). Nesse contexto, a ausência de assistência pré-natal ou assistência pré-natal acesso ao pré-natal (NUNES et al., 2017). No entanto,incompleta ou incorreta impede o diagnóstico precocee o tratamento adequado de sífilis gestacional,limitando as possibilidades de redução de transmissãovertical (BRASIL, 2019).Quanto ao momento de diagnóstico da sífilismaterna, apenas 51,36% das mulheres foramdiagnosticadas durante o acompanhamento pré-natal,o que revele novamente deficiência na qualidade doserviço de saúde ofertado, já que 89,11% dessasmulheres receberam assistência pré-natal. Além disso,© 2023 Global Journ als Volume XXIII Issue II Version ID D D D )(Medical ResearchGlobal Journal of E © 2023 Global Journ als Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação daUniversidade Federal do Pará (PROPESP/UFPA): PROPESP/UFPA (PAPQ). * Perfil Epidemiológico Da Sífilis Congênita No Estado Da Paraíba, 2007 A 2016 TTAlcântara ITAlcântara JVGuerreiro GM NNeto Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research 18 2017 * Agravos à Saúde Relacionados às Infecções Sexualmente Transmissíveis e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, no Município de Implantação da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó LBez TG BSlevinski SC SNothaft MABusato 2019 * MinistérioBrasil Da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde. 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